Se você não faz a diferença que diferença você faz?
Falando com as pessoas e pensando numa resposta pessoal para esse questionamento, percebi que precisava ouvir as diversas opiniões do senso comum e também pesquisar linhas de pensamento da filosofia, termos da psicologia e as inferências da espiritualidade. O resultado foi a clara percepção de que a busca por propósito e felicidade se misturam. O que só deixa ainda mais complexo o assunto.
O homem e a mulher pós-moderna vivem em meio ao risco da ilusão da imagem, numa proposta sedutora de um mundo virtual mágico onde tudo é perfeito. A mensagem é de “felicidade a qualquer custo” sendo mostrada sempre em estado líquido e fugaz. Tudo muito longe da verdade e da realidade. A felicidade e o propósito como um ideal, lugar ou alguma coisa a ser conquistada, pode ser insaciável, perigoso e frustrante.
Em contraponto temos o pensamento de Nietzche e Spinoza que propõem encontrar propósito começando em nós, respondendo à quem somos enquanto vivemos. A ideia de experimentarmos e arriscamos conhecer o ser humano autêntico. E não uma humanidade feita em série numa fábrica, mas sim de seres únicos e especiais, obra de arte da criação.
A proposta é olhar a tela branca em minha frente, os pincéis e a tinta ao lado e um universo de possibilidades individuais a serem desenhadas pelo artista.
“E aquilo que chamais mundo, é preciso primeiro, que seja criado por vós.” Nietzsche
A necessidade que bate à porta da humanidade é entender: o que é a vida além de nascer, conquistar bens e conhecimento; viver desejos e amores e depois morrer?
A psicologia positiva do dr. Martin Seligman têm inúmeras pesquisas que esclarecem a possibilidade de viver propósito nas coisas simples da vida como: fazer uma gentileza sem esperar nada em troca, escrever uma carta de agradecimento para alguém que nos ajudou um dia, encontrar diariamente três motivos para sermos gratos e outros exercícios de felicidade partindo de dentro e indo em direção ao outro. (2004)
O propósito pode ser a dedicação a uma causa, realizar um trabalho, dedicar tempo para uma pessoa…não necessariamente propósito e trabalho estarão juntos. Mesmo porque a ideia de trabalhar com base em talentos e habilidades é muito nova na história. Para os nossos antepassados trabalho era sinônimo de satisfazer necessidades de sobrevivência e não era reconhecido como um prazer ou espaço de felicidade.
Atualmente o mercado de trabalho vive a revolução da informação através das novas tecnologias, o que possibilita vivências menos braçais e mais conversacionais nos ambientes de trabalho e assim nasce a oportunidade de aliar trabalho e propósito.
A resposta pessoal para viver com propósito exige uma atitude de descoberta que é dinâmica, arriscada e incerta.
Eu particularmente não acredito em receita para descobrir meu propósito nesse mundo. Acredito em experimentar, conhecer quem sou, no que acredito e como posso viver o melhor possível para mim, para o coletivo enquanto me descubro ser.
“Acredito em experimentar o propósito universal de conviver, crescer, criar e transcender, encontrando quem sou para mim e para o outro enquanto vivo.”
Gisele Cipili