Os relacionamentos interpessoais estão na base da minha cultura familiar. De um lado temos os gaúchos que se reúnem para o chimarrão; do outro, os mineiros que trazem todo bom “papo” para a mesa, sempre cheia de comida boa! Que privilégio foi crescer em meio às festas e o falatório e a mais marcante: da pamonha – em que fazíamos tudo juntos, desde o plantio até a colheita e cocção do milho, no sítio dos bisavós, avós e depois dos meus pais.
Talvez essa não seja a sua vivência, no entanto, nem sempre essa base foi leve para mim, pelo menos não no meu íntimo. Eu me questionava quando precisávamos preferir o outro, em detrimento a nós mesmos – a lei era ter que agradar, mas não se aprofundar nas necessidades do nosso coração. Atender às expectativas era uma cultura.
Fui criada num contexto judaico-cristão, isto é, amor ao próximo era um sólido fundamento. Mas também a dualidade desse modo de agir e pensar. Eu deveria me amar ou amar o próximo? Em quem deveria pensar primeiro?
Atualmente a palavra coexistir fez muito sentido para mim. Enquanto me conheço, amo e cuido eu posso amar aqueles que estão ao meu redor. Você considera isso possível?
A psicologia fala que é possível que lá na infância tenhamos perdido o auto amor. E como isso vai impactar a minha vida e a sua? Esse é um papo longo que podemos nos aprofundar um dia desses por aqui.
O que é auto amor?
Essa é uma expressão que passei a ouvir faz uns cinco anos e os conteúdos sobre o tema falam que o auto amor é independente de outros amores. E também não tem ABSOLUTAMENTE nada a ver com egoísmos ou egocentrismo. Mas sim uma condição saudável de quem tem um auto olhar compassivo e generoso nos seus altos e baixos da vida.
Então, o que queremos dizer quando dizemos “auto amor”? Significa ter uma grande consideração pelo seu próprio bem-estar e felicidade. Amar a si mesmo significa cuidar de suas próprias necessidades e não se sacrificar além da conta para agradar aos outros (falo aqui também com mães e esposas que vivem em culpa por achar que é pouco o que fazem). Auto amor significa não se contentar com menos do que você precisa para ser íntegro na emoção, corpo e espírito – é colocar a máscara de oxigênio primeiro em você, faz sentido na aviação então emprestamos para a vida também.
Auto amor não significa que você se considera a pessoa mais inteligente, talentosa e mais bonita do mundo. Em vez disso, quando você se ama, aceita suas falhas, aprecia as tentativas de acerto e segue em frente sem desistir de você. Quando alguém se ama, terá mais facilidade de desenvolver relações saudáveis com os outros.
O auto amor dá trabalho
Diante dos reveses, você precisa decidir se cuidar como se cuidasse de um amigo em perigo. Você se trata gentilmente, não encolhe ou se critica. Para muitos, especialmente aqueles que cresceram em culturas familiares em que não aprenderam naturalmente o auto amor como um valor, amar a si mesmo dá trabalho.
Mas quero dizer que o auto amor é uma prática e é uma mentalidade que vamos constantemente alinhar na nossa vida adulta, e pode dar trabalho.
Não tem a ver com gratificação instantânea, banho de espuma (apesar de ser bom) um novo par de sapatos ou comer uma pizza inteira. Tudo isso faz você se sentir bem no momento. Amor próprio significa dar a si mesmo o que seu corpo, alma e espírito precisam para a maratona que é a vida. Não é hedonismo e não é perseguir só um padrão físico ou de sucesso social.
A prática do auto amor é a prática de enxergar e selecionar, com as devidas concessões, tudo aquilo que faz bem para si mesmo.
Como está o seu auto amor?
Gisele Cipili.
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