Você já sentiu que têm uma idade hoje mas não percebeu que o tempo passou, e parece que a sua percepção da idade ficou congelada lá nos 40? Esse é o meu caso, que completo um pouco mais de 50 anos em Novembro. Fico pensando se o tempo passou rápido mesmo ou há uma certa negação na minha noção sobre a brevidade da vida.
Este é só um dos exemplos que nos faz pensar de forma mais reflexiva e profunda: pois parece que sentimentos sobre a idade, nos colocam total e completamente fora do controle do que se chama tempo. Afinal a vida é feita de dias, meses, anos e décadas contadas pelo tempo.
E quem é então esse “relojoeiro das galáxias” que controla o tempo? Quem sabe têm alguém com uma ampulheta gigante virando esse objeto por anos, até que um dia, para mim e para você, ele pára. E a areia não irá cair mais. Acabou nosso tempo. Quem é esse que assustadoramente tira-me do controle sobre “o meu tempo”?
Para os filósofos ele é uma mente superior; para os agnósticos talvez seja um deus; para as seitas orientais é um sábio mestre. E para os cristãos, aqueles que reconhecem que as eras foram marcadas com o antes e depois Dele? Quem é que mede as águas na palma das suas mãos? “Quem mediu as águas na concha da mão, ou com o palmo definiu os limites dos céus? Quem jamais calculou o pó da terra, ou pesou os montes na balança e as colinas nos seus pratos?” Isaías 40.12.
Parece que além de Isaías o autor de Eclesiastes também entendeu algumas coisas sobre o tempo e escreveu: “Para tudo há uma ocasião certa; há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu: tempo de nascer e tempo de morrer; tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou; tempo de matar e tempo de curar; tempo de derrubar e tempo de construir; tempo de chorar e tempo de rir; tempo de prantear e tempo de dançar; tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá‑las; tempo de abraçar e tempo de se afastar; tempo de procurar algo e tempo de desistir de sua busca; tempo de guardar e tempo de jogar fora; tempo de rasgar e tempo de consertar; tempo de calar e tempo de falar; tempo de amar e tempo de odiar; tempo de guerra e tempo de paz”. Eclesiastes 3.1-8
O filósofo cristão Santo Agostinho, nas suas “Confissões”, discute a natureza do tempo. E ele conclui que o passado não existe mais, o futuro ainda não chegou e o presente se transforma em passado a cada instante. Afirmando que o tempo é uma dimensão subjetiva da alma humana, influenciada pela memória, expectativa e atenção. E ele reflete também sobre a distinção entre a eternidade divina e a temporalidade humana. Agostinho conclui que a eternidade é uma dimensão diferente da nossa experiência de tempo. Concordo com ele.
E você já quis que o tempo voltasse num momento feliz que viveu? Eu às vezes me vejo querendo que o tempo volte às experiências vividas em família quando meus filhos eram pequenos. Numa destas crises de flashback cheguei até mesmo a convidar meu marido para irmos num dos lugares onde passávamos as férias juntos, com os meninos pequenos, numa vã esperança de vivenciar as mesmas alegrias das brincadeiras “daquele tempo.” Até foi bom, mas é claro que o tempo não voltou e ao invés de alegria, fiquei com uma saudade imensa e avassaladora do tempo que já foi, que passou e não volta mais. O óbvio aconteceu e eu, teimosa e determinada percebi que nem o planejamento e muita motivação conseguiria controlar o tempo. Ficaram as memórias dos momentos que vivemos juntos, que são incríveis, mas congelaram no tempo passado e que não tenho poder de fazê-las voltar nunca mais.
A vida corre seu curso como um rio caudaloso que não pode ser contido por ninguém. Isso mesmo: nem uma mãe, pai, cientista, trilionário, governante ou estrategista sagaz, pode conter o tempo ou fazê-lo passar mais rápido ou devagar. Este fato real é ao mesmo tempo uma mistura de sentimentos: frustração e rendição. Fico com a segunda opção e aprendo muito sobre humildade quando me rendo ao Senhor do Tempo. Aprendo sobre valorizar o tempo ao lado de quem amo; a ser intencional em adquirir sabedoria sobre a utilização do meu tempo; aprendo a não permitir que roubem meu tempo. E sobretudo aprendi hoje a fazer escolhas menos imaturas e impulsivas porque escolhas mais sábias, me colocam na expectativa real e eterna sobre o tempo.
Que você tenha tempo para se relacionar e conversar com Jesus, o Cristo (Messias Ungido, Mashiach no hebraico) e Senhor do tempo.
Boa semana!