Liderança em Tempos de Complexidades Humanas e Tecnológicas

O ano era 1989 e chegava ao fim a guerra fria marcada pela queda do Muro de Berlim, que simbolizava o colapso do comunismo na Europa Oriental. No Brasil, o ano foi marcado pela primeira eleição presidencial direta desde 1960. Também foi em 1989 que o “guru empresarial”, James Hunter, que contabiliza ter treinado pessoalmente, cerca de 2 mil executivos ao longo das últimas décadas, publicou o livro: O Monge e o Executivo, que se tornou um best-seller com milhões de exemplares vendidos em várias línguas.

O lançamento de O Monge e o Executivo em 1989, com sua proposta de “liderança servidora”, surgiu em um contexto onde as empresas ainda operavam fortemente sob a mentalidade de comando e controle, modelo de liderança que desvalorizava o potencial humano da equipe e colocava foco nas tarefas e na produção em escala. O livro chegou na época de numa transição de paradigma que começava a ganhar força na gestão, impulsionada pela percepção de que o modelo antigo já não era suficiente para a complexidade do mundo moderno.

Em 2014 Simon Sinek lança a edição original de Leaders Eat Last (em português, Líderes se Servem por Último. Gostaria de aproveitar o contexto histórico e fazer um breve paralelo entre esses dois livros e mentalidades de liderança: Líderes Se Servem por ÚltimoO Monge e o Executivo. É interessante que tanto na “liderança servidora” de O Monge e o Executivo como na obra de Sinek, ambos autores desconstroem a ideia do líder autocrático e controlador. Enquanto Hunter utiliza uma parábola com valores espirituais para demonstrar a importância de servir, Sinek explora a biologia para mostrar que o comportamento dos líderes impacta diretamente a cultura e o desempenho da equipe. O núcleo das duas mensagens é o mesmo: a liderança mais eficaz é aquela que prioriza as pessoas.

Estamos em 2025 e algumas vozes se destacam em analisar e descrever modelos de liderança com base nas tendências atuais. Em meio a transformação tecnológica, a diversidade no local de trabalho e a necessidade de sustentabilidade ecológica e humana. Não encontrei um “guru dominante”, mas nessa pequena curadoria, aqui estão alguns autores e consultorias influentes que nos inspiram a pensar:

Adam Grant: Psicólogo organizacional e autor de best-sellers como Hidden Potential (2024), Grant é conhecido por abordar temas como a cultura de trabalho, a psicologia por trás da performance e a importância de criar um ambiente psicologicamente seguro.Recomendo seus livros e já li muitos.

O que se destaca para mim em convivência entre as pessoas e visão de mundo nos negócios é:

Brené Brown: Pesquisadora de vulnerabilidade, coragem e vergonha. Ela aplica seus conceitos ao ambiente corporativo. Seu livro Dare to Lead é um clássico que se mantém relevante por abordar a coragem, a empatia e a liderança com base em valores.

Amy Edmondson: Professora da Harvard Business School, a autora é a principal autoridade em segurança psicológica no local de trabalho. Seu trabalho se aprofunda na criação de ambientes onde as pessoas se sintam seguras para falar e inovar, um tema crucial em 2025. É um tema necessário e ainda tabu em empresas mais tradicionais, em que o foco está na hierarquia verticalizada e diretiva. Em que o perfil de liderança é dominante “mais no estilo falar do que escutar”.

Simon Sinek: Embora tenha publicado Líderes se Servem por Último há uma década, ele continua sendo uma voz forte em 2025. Seus vídeos e discursos sobre o “porquê” das empresas e a biologia da confiança continuam a influenciar líderes globalmente. Concordo com ele, que pessoas engajam muito mais em projetos com líderes confiáveis e autênticos em sua vulnerabilidade, pois ninguém é perfeito. Quando o tom do discurso é a perfeição, todos desconfiam.

Além de autores individuais, algumas consultorias e relatórios de pesquisa têm grande peso na análise da liderança nos nossos dias: A consultoria Korn Ferry, em seu relatório Global Insights de 2025, destaca a necessidade de líderes ágeis, inclusivos e inovadores, que saibam equilibrar a tecnologia com o fator humano.

DDI (Development Dimensions International): A consultoria enfatiza que a principal tendência para 2025 é a conexão humana. Em um mundo de trabalho híbrido e dominado pela IA, os líderes que dominam a arte da conexão pessoal com a equipe serão os mais bem-sucedidos.

As muitas vozes influentes em 2025 incluem acadêmicos, psicólogos organizacionais e consultores que analisam a complexa interação entre tecnologia, cultura organizacional e o bem-estar humano. Para a plataforma executiva  HSM Management, as empresas prosperam quando, os líderes são adaptáveis, colaborativos e autênticos, mantendo-se atualizados sobre as tendências de mercado que moldam o futuro. Em que as principais tendências incluem a adaptação à tecnologia e IA, a promoção da liderança adaptativa, inovação e a gestão eficaz de equipes híbridas.

Hoje, Domingo 26 de Outubro, para mim, que desde 2010 trabalho com lideranças em Team Building, Coaching executivo, Consultoria Diagnóstica e Mentoria com executivos, constato que as principais característica e sinais de sucesso e insucesso nas empresas é indiscutivelmente a Cultura criada e mantida pelos seus líderes.

O “ritmo da cultura”, assim como o escolhido pelo maestro na orquestra, é e sempre será responsabilidade dos líderes.

A pergunta é: o seus músicos (liderados) estão desafinados ou tocando músicas que são prazerosas para tocar e agradáveis de ouvir?

Um abraço e excelente semana!

Gisele Cipili

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