A natureza nos ensina muito sobre as nossas características como humanidade não é mesmo? Quer no corpo, alma ou espírito, basta um pouco de serenidade e olhar atento para observar e perceber os ciclos: das estações, das plantas, dos animais e o quanto eles nos ensinam sobre nós mesmas.
Nós mulheres mudamos durante a vida inteira. Cada fase oferece chances de renascermos, aceitando a nossa natureza cíclica, criativa, bela e mutável.
A seguir, te convido a refletir comigo nas fases que abordo aqui como sendo os principais ciclos femininos de carreira. Utilizo como base para os meus insights a mulher brasileira com graduação formal e também a minha experiência de atuação ao lado delas desde 1999, tanto no voluntariado como no meu trabalho atual:
1- A primeira formação: momento de dedicação aos estudos técnicos. Estudar e se dedicar para ganhar confiança em habilidades na área que escolheu. Conforme evolui na formação acadêmica procure estágios e aprimoramento prático para consolidação dos conhecimentos. É bem importante também que você amplie a rede de relacionamentos, porque esta rede tem um forte papel de encorajamento nesta fase. Algumas pessoas se tornam valiosas ao longo da formação/faculdade, assim como você para elas, é como uma segunda família e podem até ficar contigo por toda a vida. Outras pessoas serão o que chamam de networking, e que prefiro definir como oportunidades de conexão.
Para mulheres que trabalham e estudam, este é o tempo em que você terá maior energia e força para ir em frente e alcançar seus objetivos de formação técnica e superior. Força, você vai conseguir!
2- A primeira atuação profissional: Percebo neste ciclo um certo sentimento de “luto” em mulheres jovens que atendo em mentoria para a carreira. A realidade do mercado de trabalho pode frustrar expectativas de uma ascensão rápida, por exemplo. Há algumas décadas, surgiu a teoria das 10 mil horas, que informava que a excelência em qualquer atividade estava relacionada com esse volume de tempo dedicado ao aprimoramento das técnicas, sejam elas quais fossem.
Algumas mulheres nesta fase ainda procuram entender e aceitar que, todo esforço feito até aqui é o começo, sendo assim, faz parte de uma jornada de amadurecimento profissional. Avalie-se com atenção quando se sentir sem ânimo para seguir na sua escolha. Dúvidas são comuns, mas não é momento de paralisar ou mudar tudo, a não ser que realmente não faça mais nenhum sentido para você a área que está, e descobriu isso agora depois da atuação prática.
Coloque foco em ganhar experiência, vivenciar novos desafios de aprendizados do estilo mão na massa e crescer nesta fase de entrada no mercado de trabalho. É preciso paciência e tempo para que seus conhecimentos e habilidades conquistadas lhe garantam o propósito e ganho financeiro que deseja e precisa para seguir em frente na carreira profissional. Se possível, converse com profissionais mais experientes, ouça histórias que te inspiram e dê para si mesma o tempo que for necessário para se fortalecer, física, emocional e espiritualmente.
Reflita sobre o quê esse ciclo significa para você agora: autonomia, novos aprendizados práticos? O que mais? Distancie-se das expectativas excessivas, suas e também daqueles que exercem influência na sua vida. Ouça com carinho, mas não sinta que deve algo a eles. Nada de “peso extra” na jornada. Energize-se com a gratidão por cada dia e siga!
3- Crescimento: é neste momento de maior autonomia que muitas outras possibilidades e caminhos se apresentam na carreira da mulher como: casamento, possível maternidade, pós-graduação, a busca por maior propósito e/ou segurança financeira, experiência internacional e outras.
Pode ser um ciclo marcado por indecisões do destino a seguir. Atualmente percebo nestas mulheres a sensação de que não devem ficar paradas no tempo (algo perigoso e irreal às vezes). Percebo também a ansiedade do excesso de futuro e possíveis crises profissionais e pessoais. Cuidado para não perder a confiança em você. É momento de ganhar maturidade profissional e emocional para fazer escolhas.
(Neste intervalo de ciclos algumas mulheres que decidiram formar uma família e ter filhos, vivenciam um momento de desaceleração profissional).
4- Maturidade: se você escolheu ficar onde estava no ciclo anterior, em que decidiu por uma carreira conservadora, agora estará pensando em novos desafios e deve mesmo, pois sentirá que precisa alçar novos voos!
Sente-se pronta para o novo e deseja novas oportunidades.
Se fez uma pausa pessoal respeite profundamente a sua escolha, quer seja pela maternidade ou para se dedicar a alguém ou uma causa. Eu mesma fiz isso e não me arrependo de nada.
É muito importante que no retorno profissional o seu foco esteja em manter ou aumentar a autoconfiança, através de estudos, relacionamentos com novos grupos e muito autoconhecimento. A energia vital te impulsionará com a alegria necessária para os novos ciclos que virão.
5- Consolidação e reconhecimento: agora você deve ter mais que 10.000 horas de atuação, sente-se bem sucedida e sabe que sabe. É muito reconhecida pelo que faz e faz muito bem há muito tempo. Está feliz por ser quem se tornou como mulher e profissional.
Possivelmente neste ciclo você deseja mais leveza, tempo livre e propósito; o foco está em respeitar ainda mais sua energia física e emocional. Celebre a sabedoria profissional adquirida e continue se fortalecendo nas conquistas sem medo para as novas escolhas!
Aconselho mulheres maduras que não tenham pressa, mas sigam com prudência e façam reservas como investimento num futuro de maior estabilidade. É momento de experimentar o contentamento.
6- Segunda atuação: neste ciclo vejo atualmente mulheres que me procuram com 50+ 60+ querendo experimentar novas áreas de atuação sem desprezar conhecimentos e experiências adquiridas; o foco está em ampliar ainda mais o autoconhecimento, vivenciando valores profundos e investindo mais em si mesma e nas pessoas – pensam no legado.
7- Pós-maturidade: mulheres 80+ que se colocam à disposição para elevar outras instituições e pessoas a altíssimos níveis de humanização das relações e convivência geracional; eu mesma tive uma cliente executiva assim de 81 anos e cheia de vida e vigor para passar o “bastão “ do conhecimento para as mais jovens. E o mais bonito nela – sem medo, mágoas, nem dor, mas com um bom orgulho de si mesma e do que construiu.
Ser mulher é ser cíclica e ser feliz assim.
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Um abraço afetuoso,
Gisele Cipili